No dia 22 de junho, a Comissão de Meio Ambiente (CMA) realizou um debate acerca do ordenamento territorial e da disponibilidade de água para a população do Distrito Federal. Essa discussão faz parte das iniciativas do Junho Verde do Senado Federal, uma série de eventos organizados para lembrar o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho.
O debate foi proposto pela senadora Leila, presidente da CMA, com o intuito de dar maior visibilidade ao trabalho realizado pelo coletivo Grito das Águas do DF. Trata-se de uma articulação da sociedade civil que reúne 70 entidades socioambientais e atua tanto no território do DF quanto em Goiás.
Lúcia Mendes, do Fórum de Defesa das Águas do Distrito Federal, expressou sua preocupação com a situação atual, compartilhando um relato impactante: “Estávamos recentemente na oficina do PDOT em Vicente Pires, e ouvi de um chacareiro que, há cerca de dez anos, ele costumava cavar até cinco metros para encontrar água e construir um poço artesiano. Porém, hoje, ele já cavou quase cem metros e ainda não encontrou água. Essa é a realidade onde moro, no núcleo rural, onde também tenho um vizinho que cavou cento e cinquenta metros e não encontrou água de qualidade. Estamos falando de regiões produtoras de água, onde há nascentes e áreas de recarga de aquíferos.”
A senadora Leila Barros lamentou o avanço da grilagem e especulação imobiliária no DF, uma ameaça para o futuro do país. “Nos últimos anos, temos testemunhado um uso desordenado e ocupação inadequada do solo no Distrito Federal, comprometendo seriamente a capacidade do cerrado de cumprir sua função vital na produção de água. A rápida urbanização, a expansão agrícola descontrolada e a exploração indiscriminada dos recursos naturais resultaram na fragmentação e degradação do cerrado, levando à perda de sua capacidade de retenção de água doce, tão essencial para nossa sociedade”, ressaltou a senadora.
Pesquisadores, representantes de ONGs e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico enfatizaram que o Cerrado é conhecido como o “berço das águas”, abastecendo seis das oito grandes bacias hidrográficas do país.